terça-feira, 8 de novembro de 2011

Apaixonado por Paris

Críticas positivas não faltam à carreira de Woody Allen, aclamado diretor de magníficas obras cinematográficas como Manhattan, A Rosa púrpura do Cairo e seu recente Vicky Cristina Barcelona, todos marcados não só pela excentricidade do diretor como pela clássica maneira de Allen contar histórias através de diferentes cenários. Não fugindo de seu convencional, surge “Meia noite em Paris”, onde pontos turísticos clássicos da cidade são emprestados ao diretor, dando maior charme ao seu filme e levando o espectador a viajar pelas ruas de Paris.

Nessa comédia romântica vemos uma clássica história de amor, mas não entre os personagens e sim entre Allen e a bela Paris, que nos desperta um sentimento de ternura e nostalgia. A história narra à vida de Gil (Owen Wilson), roteirista que frustrado com sua profissão, viaja, com sua noiva Inez (Rachel McAdams) e seus pais, a bela Paris, na tentativa de conseguir escrever seu primeiro Romance. Lá eles encontram o casal Carol e Paul Bates (Nina Arianda e Michael Sheen, respectivamente), este último, namorado de Inez dos tempos de faculdade. Os casais combinam passeios juntos e Gil, insatisfeito com a companhia do sabichão Paul Bates, prefere caminhar sozinho e embriagado por Paris a noite.

É em meio a um desses passeios que acontece a primeira revira-volta do filme, Gil é abordado por um antigo Peugeot e levado a uma festa, onde se encontra em plenos anos vinte, em meio a grandes nomes como o famoso músico, Cole Porter e escritores como Scott Fitzgerald e Ernest Hemingway. É através dessas viagens ao passado, dadas sempre as badaladas da meia noite, que Gil começa a desenvolver seu romance, contando com a ajuda de personalidades de uma época considerada por ele como “A Era de Ouro cultural de Paris”. Com o passar do tempo, o fascínio de Gil pelo passado se destaca a ponto de todos os personagens a sua volta se tornarem secundários e vazios. Percebemos então a intenção de Allen, nos fazendo refletir sobre as projeções que criamos em relação ao passado ou a um lugar ou época em que nos adequemos melhor, criando uma eterna desilusão perante o nosso cotidiano.

É indiscutível a alta qualidade artística e técnica da produção de “Meia noite em Paris”, que longe de ser a obra prima de Woody Allen, nos remete a boas risadas e uma sensação de conforto quase inexplicável. Para um diretor criticado por produzir filmes “cults”, Allen conseguiu como resultado um conteúdo que entretem um grande público sem apelações midiáticas, apenas usando sua inteligência.

Michely Ascari
é estudante de jornalismo e fotógrafa.

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